A dor de um filho é a pior dor de uma mãe

Fui mãe aos 19 anos, ainda uma menina que ganhou uma boneca.

Uma boneca linda, vistosa, saudável, que dormia, comia e sorria. Sem nenhum problema de saúde ou de agitação.

Com 6 meses coloquei minha filha um turno na escolinha e um turno com minha mãe e voltei a trabalhar.

Tudo ia muito bem.

Uma criança feliz e sempre risonha.

Três anos depois, num Dezembro qualquer, ela começou a se queixar de dores ade barriga.

Sem saber identificar onde era a dor, chazinhos, massagens, comida leve sem sucesso.

Levei ao pediatra e após um raio X nada apareceu.

As dores vinham e sumiam. E ela começou a emagrecer. Era uma dor aguda. Surgia a qualquer momento, ela se retorcia, chorava e a dor passava. E assim foram duas semanas.

Três pediatras depois, sem sucesso ou diagnóstico, recebi a indicação de um pediatra novo na cidade, vindo do interior, formado aos 40 anos, iniciando a carreira.

Liguei e ele me atendeu, num sábado na sala da casa dele.

Sem qualquer vergonha, ele abriu um livro enorme, fez uma ligação e me disse: Nunca vi o que tua filha tem, mas na faculdade estudamos esses sintomas e acredito que ela esteja com uma invaginação, que é comum em crianças e passa desapercebida. No teu caso, não passou.

Ele imediatamente ligou para outro médico, colega, de um hospital na capital e me perguntou se eu teria como levar minha filha imediatamente para o local.

Obvio que sim. E assim, num sábado, as 14h demos entrada com minha filhinha de 3 anos num Hospital Infantil. As 19h, ela estava sendo operada com invaginação e 11 nódulos intestinais.

Das 19h as 23h foram os piores momentos da minha vida. Briguei com Deus, xinguei os anjos da guarda, chorei, gritei.

Minha filha veio pro quarto na madrugada, sedada e cheia de sondas. Dormi ajoelhada ao lado dela, segurando as mãozinhas para que ela não retirasse as sondas.

Ela acordou no dia seguinte risonha mas assustada e eu estava ali para dizer que tudo ia dar certo. Sem uma lágrima nos olhos. Proibi qualquer pessoa de chorar na frente dela. Fui acusada de ser fria por isso.

Ia a Igreja do Hospital todo dia e xingava Deus, discutia com ele os porquês daquilo. Os porquês da minha filha com 3 anos estar sofrendo.

Um dia o serviço de psicologia do Hospital me levou para visitar outros pacientes e percebi quantas crianças estavam ali piores ou melhores, mas doentes. Quantas dores. Quantas famílias devastadas. Quantas lagrimas pelos corredores. Quantas mães e pais sofrendo.

Minha filha começou a caminhar como uma gravidinha, pois tinha um corte do umbigo até a lateral do corpinho pequeno. Eu fui comprar roupas sem elásticos na cintura e a cada loja, contava e chorava e recebia o conforto de estranhos e desconhecidos que secavam minhas lágrimas e diziam que iam rezar por mim.

Montei a árvore de Natal no hospital, comprei presentes, encomendei a ceia e Deus me presenteou com um resultado negativo para câncer e uma alta hospital 3 dias antes do dia 24 de Dezembro.

Minha filha saiu do hospital as pressas, com a avó, feliz e foi para casa comer bife enquanto eu recolhia tudo e fazia as pazes com Deus.

Eu entendi que o destino de qualquer pessoa e o nosso, não é nosso, e brigar e lutar contra isso, é desperdiçar energia.

Tem coisas que não estão no nosso controle. Na verdade, não temos controle de nada.

Mas podemos crer e colocar boas energias em quem tem o controle: Deus!

Autor(a) anônimo(a)

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