Alguma história da minha família

Eram minha avó, meu avô, minha mãe e mais quatro irmãos (e minha avó já havia perdido um filho).

Meu avô nesta época tinha um alambique e não deixava faltar nada pra família, mas ao mesmo tempo sempre arrastava as asas para as mulheres.

Nesse período tentou pegar uma das irmãs mais nova da minha avó, mas ela não deu bola. Logo após ele tentou outra irmã e essa aceitou o galanteio.

Ele foi embora com ela, deixando minha avó e os filhos desamparados, pois era ele quem provia a família.

Minha vó, para sustentar a família, foi trabalhar com limpeza e quando chegava em casa fazia rapaduras para os filhos venderem quando chegassem da escola, e assim ajudarem na renda.

Sem contar outras coisas maravilhosas que ela fazia: o pãozinho feito no forno de barro, as roscas de polvilho, bolos, bolachas, merengues… coisas de vó que sinto muitas saudades.

Minha mãe limpava casas em troca das refeições e assim foram se virando como podiam.

A comida e roupas eram escassas, mas a força da minha avó era maior que isso.

Os anos se passaram e minha mãe faria 15 anos, então foi para a cidade onde o restante da família morava (avó, primos e tios) fazer uma festa com a família toda.

Na festa havia um rapaz muito bonito que se apaixonara por ela e quis namorar, nisso a família toda foi contra, mas não falavam os motivos do porquê ele não poderia se apaixonar por ela. Na insistência, revelaram ser o primo/irmão dela, filho do meu avô e irmã da minha avó que haviam ido embora juntos.

Passado um tempo começaram a conviver todos os irmãos juntos, acredito que alguns ainda tinham mágoa do pai (meu avô), mas o irmão desgarrado nada tinha a ver com a situação e continuaram convivendo juntos.

Mais tarde meu vô veio a falecer, ele não era uma pessoa fácil, era muito rígido, ruim, mandão, de mal humor e sempre tinha razão.

Minha avó faleceu sem nunca ter voltado a falar com sua irmã, uma tristeza pra todos que gostavam e conviviam com elas.

Minha tia, que levou esse “presente” deve ter passado um bocado com ele, até hoje é uma pessoa triste, mais distante da família… mas livrou minha avó de um peso, porque ela sofreu na mão do meu avô.

E o irmão desgarrado, depois que meu avô faleceu, se revelou gay… acredito que nunca tenha falado por medo, pois meu avô era muito rígido e bravo. Tanto que esse meu tio casou e teve filho enquanto meu avô era vivo (nós sempre achamos ele diferente, que não era a pessoa que mostrava ser, mas o respeitávamos).

Hoje entendemos tudo, ele se casou com um cara tão legal, que ele pode ser ele mesmo sem o olhar torto do seu pai ou da família.

Alguns tios já se foram também, mas a família continua unida e se amando do jeito que ela é.

Autor(a) anônimo(a)

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