Quase ganhei meu filho na banheira do motel

Minha gravidez foi muito tranquila, tanto que consegui correr até o 5º mês de gravidez. Tudo muito saudável e, dessa forma, pretendia ter parto natural. Meu primeiro percalço foi achar um médico que aceitasse fazer o parto, já que todos com quem consultava, só aceitavam agendar a cesárea. Passando essa busca, consegui um médico maravilhoso que aceitou atender meu desejo. Sempre deixei claro que, se precisasse, eu faria a cesárea, mas a primeira opção era o parto natural. Passando pelas consultas, tudo dava certo para o parto normal. Quando fecharam 39 semanas de gestação, meu médico disse: “se até a próxima consulta o bebê não chegar, falaremos sobre a cesárea”.

Quando deu 39 semanas e 5 dias, acordei com contrações leves. Instalei um aplicativo para controle do
tempo e as contrações estavam de 40 em 40 minutos. Teve também a saída do tampão, o que indicaria que estava próximo. Avisei o doutor e ele pediu que só fosse para maternidade quando estivesse de 5 em 5 minutos, se a bolsa estourasse era para ir naquele momento, o que não aconteceu. Quando foi perto das 23h, estava de 10 em 10 minutos de contração, avisei meu marido e fomos nos arrumar. Tomamos banho, ele fez a barba, jantamos e fomos para maternidade. Moro numa cidade que não tem maternidade e o local mais próximo era em torno de 40 minutos, com trânsito bom. Pensei: “até chegarmos lá, já estará de 5 em 5 minutos como o médico pediu”.

Chegando na maternidade, fui examinada e minha dilatação era só de 2cm – para nascer o bebê é preciso 10cm de dilatação. As enfermeiras ligaram para o meu médico e ele pediu para me mandarem pra casa… nosso pensamento na hora: “não vamos voltar pra nossa cidade”. Meu marido então perguntou para a enfermeira se teria algum hotel ou motel para ficarmos por perto, e ela respondeu: “tem um motel aqui em frente, vocês podem ficar ali e aconselho que peguem um quarto com banheira de hidromassagem, pois a água quente ajuda na dilatação”. Nesse momento, que eu não conseguia nem ficar em pé de tanta dor, fui levada para o carro na cadeira de rodas e fomos em direção ao motel indicado. Chegando no quarto, a garagem era muito pequena e a porta do lado do carona não abria, tive que pular pelo lado do motorista, e ali já comecei a gritar… kkkk. O quarto ao lado deve ter pensado: “chegou um casal animado!”.

Entramos no quarto e meu marido colocou a banheira para encher, e ficou encarregado de monitorar o tempo entre as contrações. Depois de meia hora dentro da banheira, as contrações ficaram mais fortes, me rasgavam por dentro e, sem pensar, eu gritava muito. Assim que as contrações passavam, eu ria e comentava com meu marido: “os vizinhos devem estar com inveja da gritaria”. Mas quase não dava
tempo de rir, pois outra contração já vinha com toda a força e a vontade que tem um bebê de sair do
forninho
. E ali eu ficava, de 5 em 5 minutos, emitindo sons altos…. kkkk… gritos e gemidos de dor.

Passando 4h da madrugada falei pro meu marido que não aguentava mais de dor e queria voltar para maternidade, que mesmo que não tivesse dilatação era para autorizar a cesárea, pois não sabia se ainda faltava muito. A coragem do parto natural já dava espaço para o cansaço e dor, muita dor!

No momento que saí da banheira para meu marido me ajudar a vestir a roupa, senti tudo se abrir e
um peso descendo.

Entrei no carro novamente pelo lado do motorista, pulei para o carona e voltamos pra maternidade. Chegando lá, já me reconheceram e me buscaram muito rápido no carro. No exame de toque viram que
a cabeça do bebê já estava pra fora, e ali começava o momento mais emocionante que senti. Meu filho veio lindamente de parto normal e saudável. Obrigada, Papai do Céu! Mas, por poucos minutos, meu filho não nasceu na banheira do motel!

Por F.R.

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